Solidão,
Solitude e amigos que não encontrei
Estão vivos, substackers? Como foram de Carnaval? Por aqui foi bem tranquilo, sem nenhum ser interdimensional querendo comer minha alma (só pegou essa quem leu o conto).
E para quem pediu continuação, não vai ter - não por agora.
Ainda sobre o Carnaval, aqui no Rio ele só acaba mesmo no domingo que vem, então muita coisa pode acontecer nesses três dias restantes.
O primeiro tópico do texto de hoje - e que margeia todos os outros - é solidão.
Eu me considero uma pessoa solitária, em todos os sentidos que vocês possam imaginar. E a solidão está muito além de apenas estar sozinho. É o não pertencimento, a não conexão, o descontentamento, o modo como eu vejo a vida. Isso talvez seja explicado por fatores psicológicos e/ou neurológicos que estão muito além da minha compreensão.
Nesse Carnaval eu experienciei isso de diversas formas diferentes. Toda minha família viajou e eu fiquei sozinho em casa. Apenas eu e os bichos (que estavam mais preocupados em fugir do sol e dormir). Foram dias sem vozes, sem presença, sem qualquer sentimento que me fizesse reagir a nada.
Em contrapartida, eu também acabei saindo para blocos com alguns amigos. Foi uma experiência legal, mas sempre aconteciam aqueles momentos de desconexão de tudo e um sentimento de vazio no peito.
Mas talvez o que mais tenha me tocado foi não ser lembrado. Fevereiro (e nesse ano Março) é um mês que sempre mexe comigo, muito por conta do meu aniversário e do Carnaval. É como se todo mundo da minha vida sumisse durante algumas semanas e só voltasse depois. E eu fico aqui, sem saber o que fazer.
Para os amigos que não encontrei, eu não sei mais em que ponto estamos. As pessoas se afastam sem dizer uma palavra e isso machuca. Minha vida sempre foi cheia desses momentos em que as pessoas simplesmente param de se importar. E isso sempre faz com que eu me pergunte se estou fazendo algo de errado - e talvez esteja. Eu tento demais? Eu tento de menos?
Mas então temos a solitude.
Eu também me sinto bem quando estou sozinho. E isso é bastante contraditório com tudo o que acabei de escrever. E, com o tempo, vocês perceberão que a contradição é uma das muitas características que eu não gostaria de ter, mas que fazem parte do emaranhado do que sou eu.
Ficar em casa sozinho e poder desfrutar apenas das suas próprias vontades é uma dádiva. Assistir o que eu quiser, quando quiser. Poder andar seminu - com o calor que tem feito no Rio, é uma benção. Comer coisas que em outros momentos me fariam ouvir críticas. Sair sem hora pra voltar, sem dar explicações, apenas pegar carteira e celular e rumar sem rumo.
Eu só não fui um bom leitor, mas dessa vez eu deixo passar.
Não quero me alongar nesses assuntos, então por hoje é só. Inclusive, é curioso como eu sempre começo a escrever sobre algo mais íntimo e no fundo existe alguém gritando para que eu pare imediatamente e deixe todas essas coisas guardadas dentro de mim.
Bom, não vou deixar guardado, mas também não vou liberar tudo assim tão facilmente.
Essa semana não temos atualizações sobre escrita e minhas histórias. Pelo simples motivo de que eu não escrevi nada. Desde a última vez que escrevi para esse substack, eu só abri o notebook hoje (quinta-feira) para escrever este texto que estão lendo. Quem sabe na semana que vem, agora que as coisas estão voltando ao normal.
Se no final desse texto tiver um outro pequeno texto, saibam que eu consegui escrever. Se não tiver, saibam que eu tentei, mas talvez tenha sido doloroso demais escrever sobre.
Até.
Estranhos Outra Vez
Até quando ficaremos nessa gangorra?
Quando nossas vidas vão se alinhar numa única altura?
Eu nunca te pedi muito.
Você sempre me entregou perto de nada.
Sua ida causou dor, mas sua volta deixou um agridoce.
Suas tentativas não existem.
As minhas já estão se esgotando.
Eu queria ter fé que as coisas vão se arrumar.
Mas todos os dias me mostram o contrário.
E, no fundo, viramos estranhos outra vez.

